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Julho 2012
 

EM FOCO

ENTREVISTA AO NOVO PRESIDENTE DA APIAM, NUNO PINTO DE MAGALHÃES

 

No passado dia 20 de Abril, a APIAM reuniu em Assembleia Geral, com a finalidade de eleger os corpos sociais para o triénio 2012-2014. A Sociedade Água do Luso, representada por Nuno Pinto de Magalhães, foi eleita para a Presidência da Associação. Nesta primeira entrevista o novo presidente da APIAM, aborda a crise económica e dá conta dos desafios e objectivos da APIAM para 2012 / 2014.

APIAM: Considerando a crise económica que afecta o país qual o impacto que está a ter no sector das águas engarrafadas?

Para além do contexto fortemente recessivo da actividade económica que está a provocar uma forte quebra no consumo, existem outros factores que tem contribuído muito negativamente para afectar o sector, em particular, a alteração expressiva do enquadramento fiscal, em sede de IVA, quer pelo agravamento da taxa aplicável às águas minerais naturais e às águas de nascente (de 6% para 13%) quer da taxa aplicável aos serviços de hotelaria, restauração e similares (de 13% para 23%).

O resultado combinado dos factores assinalados está a determinar, até Maio de 2012, uma evolução negativa do mercado de águas minerais naturais e das águas de nascente, superior a 10 % (Dados Observatório APIAM) em volume de litros. Porém essa quebra é maior se considerarmos a realidade do sector em valor económico, em virtude de ter expressão mais negativa a evolução do mercado, ao nível dos produtos de marca.

Neste contexto, a carga fiscal têm-se mostrado incomportável para a indústria, podendo começar a ter um efeito destrutivo ao nível do tecido empresarial e social no sector. A margem está esgotada. É muito relevante que o governo corrija erros que cometeu, em particular, ao agravar para 13% e para 23% a taxa de IVA aplicável às águas engarrafadas e ao sector da restauração, respectivamente.

No entanto, apesar do contexto de dificuldade económica marcado por incertezas, austeridade e retracção da procura, noutros planos, há sinais positivos para o sector. Temos alguns exemplos: a confirmação em estudos recentes da excepcional qualidade das águas minerais naturais e das águas de nascente portuguesas; as empresas no sector que continuam a celebrar a sua história, a valorizar marcas e a acreditar e a afirmar os valores subjacentes às águas naturais, como a origem, a identidade e a pureza; as autoridades científicas europeias a valorizarem a água como bebida saudável, ao aprovar alegações de saúde favoráveis à sua ingestão; a clarificação e consolidação do enquadramento normativo das águas minerais ao nível da Organização Mundial de Saúde a permitir o alinhamento de parâmetros internacionais que irão favorecer o comércio internacional no sector; os progressos cada vez mais significativos alcançados no plano da sustentabilidade ambiental, etc.

Não sendo este o tempo de nos lamentar, depende de nós acreditar do que somos capazes: crescer, inovar, exportar, conquistar novos mercados.

APIAM: Quais são os grandes desafios com que o sector se depara?

Sem dúvida que o grande desafio do sector tem de ser dar continuidade à sistemática e consistente defesa e promoção da água mineral natural e a água de nascente, à sua sustentabilidade e diferenciação. Só por esta via podemos acrescentar valor e contribuir para um sector que gera emprego e contribui com riqueza para a sociedade e para o país.

Neste sentido, tenho evidenciar que um produto de excelência, como são as águas naturais portuguesas, na sua variedade, diversidade, identidade e pureza original suscita um conjunto de questões, centrais e estratégicas na nossa actividade. Destaco três ideias.

A ideia de sustentabilidade, abrangendo a renovação em quantidade e qualidade do recurso natural. No fundo, a defesa e a protecção da matéria-prima, a integridade da água natural, razão de ser da actividade.

A segunda é a ideia da diferenciação. A ideia de produto natural, único, dado por uma natureza que nunca se repete, que nunca é igual. É uma ideia ligada ao conceito de pureza original, porque as águas minerais naturais e de nascente não podem, por lei, utilizar tratamentos químicos, designadamente, de desinfecção. Ora, é precisamente, o produto natural, o nosso maior valor acrescentado. Não devolvemos potabilidade às águas como fazem as águas de abastecimento público, preservamos a sua integridade natural e levamos a natureza até ao consumidor., com segurança alimentar e higiene irrepreensível.

Por fim, pretendo sublinhar a ideia de valor. De valor ecológico e de valor económico. Este sector, nunca é demais lembrar, conta para a defesa do ambiente, conta para a economia, conta para o emprego (mais de 10000 postos de trabalho, a jusante e a montante da actividade gerados directa e indirectamente), conta para reduzir as assimetrias regionais, já que uma parcela significativa desta actividade está radicada em regiões do interior do pais, uma vez que as unidade de engarrafamento têm de estar situadas na proximidade das nascentes.

APIAM: Quais são as linhas orientadoras/prioridades na estratégia da APIAM para os próximos anos?

O Plano de actividades da APIAM contempla para o triénio três linhas estratégicas. Em síntese assinalo: 

DEFENDER UMA CADEIA DE VALOR MAIS SUSTENTÁVEL
Promovendo o estudo e o debate, a nível nacional e internacional, envolvendo todos os parceiros relevantes, abordando as questões económicas e de sustentabilidade do sector, através de uma análise de toda a cadeia de valor, procurando contribuir para gerar mais riqueza e emprego para a sociedade.

CONTRIBUIR PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO SECTOR
Apoiando a candidatura da Sociedade Ponto Verde a nova licença governamental e continuando a intervir na Embopar na defesa de maior competitividade para o sector e promovendo a reciclagem;
Aumentando a responsabilidade ambiental do sector e promovendo a ideia de sustentabilidade do recurso natural, compreendendo a sua renovação em quantidade e qualidade;
Debatendo, ao nível cientifico e técnico, todas as questões ambientais, como as alterações climáticas e a pegada ecológica e suas implicações para o sector, e propondo Boas Práticas a todos os níveis, como por exemplo na  reciclagem do PET

CONTRIBUIR PARA PROMOVER E VALORIZAR A CATEGORIA DAS ÁGUAS MINERAIS NATURAIS E DE NASCENTE
Continuando a promover caminhos diferenciadores que evidenciem a excepcional qualidade das águas minerais naturais e de nascente (ex, divulgação de cadernos técnicos; acompanhamentos de projectos com a tutela, etc) e aumentando e melhorando a comunicação e o diálogo com a sociedade em ordem a sublinhar os valores subjacentes aos nossos produtos.

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